sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cachorro retrete abaixo

São cenas como esta que me deixam revoltada e capaz de sei lá o quê. Como professora e educadora há mais de 11 anos, não consigo tolerar episódios desta natureza. É disto e de muito mais que falo e reclamo há séculos.

A maior parte dos pais, hoje em dia, acham que educar é isto. Não educam pura e simplesmente! Esse é um papel atirado para as escolas. Demitem-se do papel de educadores e ainda estragam o trabalho feito pelos professores que, a muito custo, tentam incutir alguns valores em crianças deste género.

Felizmente vou conhecendo excepções, pais que sabem ser pais, pais que realmente educam e fazem crescer seres humanos decentes, crianças com quem tenho o prazer de trabalhar, pessoas que ainda me fazem acreditar. No entanto, são excepções. A maior parte considera que educar como deve ser não inclui uma boa palmada na hora certa, um castigo no momento exacto, uma conversa na altura adequada... a maior parte vive «cansada», «trabalha muito», «não tem tempo», resumidamente e em bom português, não está para se chatear ou culpabiliza-se pela falta de tempo e atenção dada à criancinha e pensa que não castigar é o mais justo.

Ser pai como deve ser não é tarefa para qualquer um. Exige demasiado, estafa, esgota, e não espera que estejamos com tempo ou descansados para acontecer. É um trabalho demasiado árduo, exigente e constante.

Hoje existem os computadores, as playstations, os dvds e as televisões a educar pelos pais... dá tanto jeito ter o menino entretido com estas coisas e ter um minuto de paz e sossego. Cheguei ao ponto de ter que ouvir que o melhor era não mandar trabalhos de casa, porque isso exige que um pai controle e vigie o que está a ser feito... e não há tempo.

Por favor, quando é que esta gente vai acordar?

Depois acontecem cenas como as que presenciei há umas semanas atrás no centro de saúde. Tinha lá ido com um aluno, depois deste se ter aleijado num pulso a jogar futebol. Estava na sala de espera a conversar com o miúdo quando entra uma mulher queixosa, agarrada a um braço, cheia de dores e a choramingar, acompanhada por um agente da GNR. Tinha levado uma tareia do filho de 20 anos e dizia ela que aquela era já a nona vez que tal acontecia. Fiquei com um certo nojo da mulher. E não, o filho não era toxicodependente, era «apenas bruto» dizia a dita senhora. E orgulhava-se quando me dizia que nem ela nem o pai do anormal alguma vez lhe tinham batido... «-Nem uma chapada levou.»...

É para isto que caminhamos a largos passos. Primeiro bate na mãe, depois no professor e mais tarde na mulher.

Assistam a este vídeo, para perceberem o que me revolta na educação de hoje em dia.

Algumas perguntas:

1- Como é que um cachorro de 1 semana serve para brincar em vez de estar perto da mãe? Para a criança não há diferença entre animal e brinquedo?

2- Como é que se chega aos 4 anos de idade sem entender que banho se toma numa banheira e não numa retrete?

3- Como é que se mima uma criança que tem uma atitude destas e se ajuda a criança a encontrar desculpa para a sua atitude? (Esperemos que proximamente a criatura abominável atire com as jóias da «mamã» e com o telemóvel pia abaixo... obviamente para esta senhora estes terão mais valor que a vida de um animal. Talvez as palmadas surjam nessa altura.)

4- Como é que se volta a colocar o pobre cachorro nas mãos da criança depois de tudo o que aconteceu?

5- Como é que ainda se transforma, orgulhosamente, este infeliz episódio numa novela internacional?

Concluindo, esta senhora é um exemplo claro do que é educar para a maior parte dos pais de hoje em dia. Um permissivismo e um absentismo gravíssimo e de consequências lamentáveis para a criança e para quem com ela lidará mais tarde.

Repreender, castigar, punir, discutir, tudo isto cansa e dá trabalho... é muito mais simples relevar, não ligar, passar ao lado. Só que a educação não tolera falta de coerência. Hoje estou menos cansado e castigo-te, educo-te, amanhã estou mais cansado e é o que sa foda style, faz lá o que quiseres desde que não me chateies.



4 comentários:

  1. Olha, escolhi não ver o vídeo. Adoro animais e acho só viveremos em paz e harmonia quando reconhecermos que os animais fazem parte de nós e têm um lugar tão definido como o nosso no planeta que é de todos.Gostei do post. Continua!!

    D

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  2. P/ Dário: O vídeo até tem um final feliz, lá salvam o cachorrito depois de algumas horas de agonia, mas para cúmulo dos cúmulos, voltam a pô-lo nas mãos do puto mimado que o atirou retrete abaixo. Enfim...*

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  3. há uma inversão de valores que me deixa atónito. a todos os níveis. se reparares bem, não é só em casa. vais a uma qualquer repartição pública e apercebes-te que a pirâmide hierárquica, está invertida (muitos chefes... poucos empregados). tenho um filho. como "pessoa" é excelente... os valores dele, estão perfeitamente definidos (só ainda não percebeu os limites desses valores) mas como puto de 7 anos, me deixa a cabeça em água. :) já... já experimentou uns "açoites" porque se da mesma forma eu nao me senti "traumatizado" com isso, ele também não se sentirá... nada de sovas com o cinto nem nada animalesco. os castigos funcionam melhor se não forem físicos. a privação de alguns "bens" essenciais (para ele) funciona como ginjas... mas a mim, choca-me muito mais a "liberdade desenfreada" e um certo "laisser faire" com que se aborda a educação de uma criança. antigamente, os professores eram vistos como "segundos" pais... e não "primeiros". hoje, a sua importância (para um aluno) deve estar situada algures entre alguém do pessoal auxiliar que se veste de forma diferente e atura-nos em "tranches" de 45 minutos cada e uma boneca de trapos... em 10 anos, desvalorizou-se por completo o papel de um professor. e se não se tomarem as devidas precauções, não tardara muito a que as disciplinas passem a ser "como tagar uma parede?", "linguagem de sms", ou mesmo "introdução ao skateboard, parkour ou outras actividades ludicas de interesse nacional"... (ministradas pelos alunos, claro!)

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  4. P/ senhor zebedeu: =) Acredita, já estivemos mais longe de ver isso acontecer.

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