Às vezes é preciso partir antes do tempo...Pensar que o tempo está a nosso favor, que a vontade de mudar é sempre mais forte, que o destino e as circunstâncias se encarregarão de atenuar a nossa dor e de a transformar numa recordação ténue e fechada num passado sem retorno que teve o seu tempo e a sua época e que um dia também teve o seu fim.
Às vezes mais vale desistir do que insistir, esquecer do que querer, arrumar do que cultivar, anular do que desejar. No ar ficará para sempre a dúvida se fizémos bem, mas pelo menos temos a paz de ter feito aquilo que devia ser feito, somos outra vez donos da nossa vida e tudo é outra vez mais fácil, mais simples, mais leve, melhor.
Às vezes é preciso mudar o que parece não ter solução, deitar tudo abaixo para voltar a construir do zero, bater com a porta e apanhar o último comboio, no derradeiro momento e, sem olhar para trás, abrir a janela e jogar tudo borda fora... esquecer a voz, o cheiro, as mãos e a cor da pele, apagar a memória sem medo de a perder para sempre, esquecer tudo, cada momento, cada minuto, cada passo e cada palavra, cada promessa e cada desilusão, atirar com tudo para dentro de uma gaveta e deitar fora a chave.
Às vezes é melhor partir para outro lugar, mesmo quando o que mais queremos é ficar, permanecer, construir, investir, amar... porque quem parte é quem sabe para onde vai, quem escolhe o seu caminho e mesmo que não haja caminho, porque o caminho se faz a andar. Quem fica, fica a ver, a pensar, a meditar, a lembrar... até se conformar e um dia então esquecer.
MRP
Gosto mais do post do quase :)
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