quinta-feira, 22 de abril de 2010

GIVE EARTH A HAND

Não só hoje, mas sempre.
Vídeo genial. Greenpeace... what else? =)

domingo, 18 de abril de 2010

I JUST DID IT TO FLY....

Vidinha complicada! Uns dias estamos com tudo, andamos de asas nas costas, a sentirmo-nos de bem com a vida. Andamos felizes sem motivo aparente, tudo parece correr bem e, de facto, corre... somos os maiores da nossa aldeia. Já noutros, acordamos depois de um sonho medonho e temos um daqueles dias em que tudo nos corre pessimamente... daqueles dias em que desejamos que alguém pressione o fast forward e nos ponha o mais rápido possível num dia radioso de novo, que nos devolvam o brilho e o sorriso da véspera.

Tenho uma amiga que diz que a nossa vida deveria ter uma banda sonora. Deveriam tocar músicas suaves e alegres quando estamos a ir na direcção certa e deveriam desatar a tocar aquelas músicas típicas de um bom filme de terror, sempre que nos dirigíssemos para o caminho errado. Deste modo evitaríamos os chamados "dias não" e nunca nos roubariam as asas das costas.

Tenho uma tendência terrível para me atirar de cabeça para situações tenebrosas e, quando o faço, caio mesmo lá no fundo... demoro séculos a escalar o pavoroso precipício.

I swear I didn't jump to kill myself... I just did it to fly.

quinta-feira, 11 de março de 2010

EARTH HOUR

Cá estou eu para mais uma publicação, desta vez um apelo.

Em 2007, na Austrália, a cidade de Sidney apagou as luzes pela primeira vez em sinal de protesto, relativamente às alterações climáticas provocadas pela poluição excessiva, uma espécie de wake up call que durou uma hora. 2,2 milhões de pessoas aderiram ao movimento com a intenção de acordar os governantes e fazer com que estes adoptassem medidas capazes de minimizar as emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera.

O ano passado o objectivo era fazer chegar a mensagem à cimeira de Copenhaga. No entanto, como é sabido por todos vós, esta cimeira foi um fracasso. Os países que assumiram compromissos no que toca à mudança foram muito poucos e os resultados desta cimeira francamente insuficientes. Mais uma vez o dinheiro e a ganância falaram mais alto do que a razão.

Assim sendo, cá estamos nós, unidos num apagão de uma hora, para mostrar aos ditos que a nossa voz não se calará e que votaremos sempre no planeta.

O movimento iniciado em 2007 conseguiu a participação de mais de 1 bilião de pessoas, em todo o mundo, no ano de 2009, e passou a denominmar-se THE EARTH HOUR. Em Portugal foram já 11 as cidades que se uniram neste protesto. Vamos aumentar o número de cidades portuguesas neste evento e juntos vamos fazer com que a nossa voz se oiça... cada vez mais alto. Dia 27 de Março entre as 20:30 e as 21:30, vamos juntar-nos ao resto do mundo e apagar as luzes por uma horita... as velinhas têm tanto charme. Bora lá?? =D

Juntem-se a este protesto
AQUI
One action, one climate change . ;)


sábado, 27 de fevereiro de 2010

Um Ano

Faz hoje um ano que comecei este blog. Como o tempo passa a voar!

6000 visitantes em 365 dias, 6000 pessoas com paciência para as minhas baboseiras e devaneios.

É engraçado reler tudo o que aqui escrevi durante o ano que passou. Dias felizes e dias mais escuros, dias de revolta e dias de paz, dias de bom e mau humor, dias cheios de saudade...

Ultimamente não tem sobrado muito tempo para me poder dedicar ao blog como gostaria e digamos que a inspiração também não tem abundado, mas vou esforçar-me por melhorar essa parte daqui para a frente.

Um muito obrigada a todos aqueles que me acompanharam durante este primeiro ano e em especial para aqueles que me incentivaram, aos que perderam minutos preciosos do seu tempo a deixar por aqui palavras de ânimo e estímulo, aos que nunca desistiram de vir espreitar o que escrevo apesar da periodicidade de publicação demasiado espaçada. ;)

Tem sido bom demais estar por aqui.

OBRIGADA! *

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Unconquerable

Este podia perfeitamente ser um post sobre mim... sobre este dia em particular, mas não. O que aqui vou escrever não pretende de modo nenhum falar sobre o dia 14 de Fevereiro, mas sim do filme que ontem vi.

Invictus em latim, Unconquerable em inglês ou Inconquistável na nossa Língua... a alma de Nelson Mandela, a alma que no entanto conquistou tanta gente.

Enquanto via o filme não consegui deixar de comparar a trampa de políticos que hoje nos governam com a grandeza daquele homem e de como seria o mundo se todos os líderes possuíssem pelo menos um décimo da magnanimidade e integridade do grande Madiba. Cheguei à conclusão que tentava comparar o incomparável, é como tentar comparar o papa à Madonna.

Clint Eastwood, ao seu melhor nível mais uma vez... e não me venham falar em falhas vãs, como carros que não existiam na altura e que aparecem no filme, não me venham falar em histórias paralelas associadas àquela final da taça, que não são sequer mencionadas no filme... são de importância menor e em nada alterariam a mensagem. O que de facto importa está lá e não há quem não saia da sala de cinema sem trazer Nelson consigo no pensamento.

Como é possível ter mantido uma alma tão nobre em cativeiro durante quase 30 anos?... E pensar que o que o fez manter-se são e com forças para suportar a sua tão pesada e injusta sentença foi um simples poema de William Ernest Henley...

Out of the night that covers me
Black as the Pit from pole to pole
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the horror of the shade
And yet the menace of the years finds
And shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate
How charged with punishments the scroll
I am the master of my fate,
I am the captain of my soul

Unam-se! Mobilizem-se! Lutem! Entre a bigorna que é a acção da massa unida e o martelo que é a luta armada, devemos esmagar o apartheid.
Nelson Rolihlahla Mandela

(Curiosamente, Rolihlahla, nome dado a Mandela pelo pai, significa, na sua língua mãe, Troublemaker... =) I wonder why =D)

Well done great Madiba. You did it!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Um dia...


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

And that was it... bye-bye 2009... welcome 2010

Agora que 2009 chegou ao fim, é altura de olhar para trás e fazer um balanço da evolução que a nossa vida teve e de tudo o que ficou por fazer.

Um dos pontos mais altos deste 2009 foi sem dúvida a minha mudança de vida para Lisboa. Pelo menos, foi o ponto que me trouxe mais sabor a conquista, a objectivo alcançado, depois de tanto tempo de luta, desilusão e frustração. Deixar a terra que me acolheu até aqui, a minha casa, a família mais próxima e alguns amigos especiais, não foi fácil, mas por vezes temos que nos pôr no topo da lista e virar a mesa, para colher frutos que de outra forma nunca alcançaríamos. Há que arriscar... adoptar sempre o "que sa foda" style...what will be will be. =)

O facto de finalmente ter ficado efectiva, numa carreira onde tantos batalham para ingressar e não conseguem, também foi de certo um dos pontos altos deste fim de década, contudo um pouco assustador. Soa a definitivo demais e eu não me dou muito bem com os definitivos. =P

O lado sentimental também viu algum progresso e, arrisco mesmo dizer que, apesar do mar de lágrimas, ficaram encerrados capítulos que em tempos tinham ficado mal resolvidos, impedindo-me de ser feliz e avançar... now let's see what the hell the window left open has to offer me. Bring it on, I'm clean. ;)

No que toca a viagens... Barcelona. Há tanto que queria conhecer a terra de Miró e Gaudi (que por sinal nasceu no mesmo dia que eu =D) et voilá... foi em 2009 que finalmente tive oportunidade de a visitar. Posso fazer mais um visto na minha bucket list. =)
Com toda a mudança de vida deste ano, não tive tempo para mais, mas reservo-me para um 2010 em grande neste campo. We'll see...

No que concerne à saúde... o balanço é mais que positivo. Consegui fintar a malvada gripe A, mesmo pertencendo a um grupo de risco (escolas, criancinhas e tal), mesmoooo tendo estado num almoço com primos contagiados e andado com amigos que vieram a saber dias mais tarde que também a tinham ou tinham tido... I'm tough lol... não há gripe A que me deite abaixo ou que vença as minhas defesas... no way mother fuckeeer... you'll never beat me... you have my word ;)

And that was it... para trás fica tudo isto... memories, nothing more than that from now on.

Para 2010 não vou contar quais são os meus desejos... ficam comigo. Sempre ouvi dizer que se os contarmos eles não se realizam. Cá para nós, que ninguém nos oiça, eu não acredito em bruxas, mas que as há, há. =)

BOM 2010 para todos e que tudo o que constar da vossa lista de desejos se torne realidade neste novo ano.

Cheers ;)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Era uma vez no Chiado...

Há algum tempo que não se passa nada neste meu cantinho, mas na minha vida as experiências acumulam-se e ontem tive um final de tarde que me fez querer vir aqui partilhá-lo convosco.
Acontece que, depois de uma noite fantástica de copos e risadas, fui raptada para um fim de tarde mágico no Chiado.

O Chiado, para quem ainda não sabe, é um dos meus locais de eleição e ontem esteve melhor que nunca. Em todos os cantos se respirava Natal. A música que tocava na rua, as pessoas que passeavam de sacos de prendas na mão, as luzes lindas por toda a parte e, escondido num largo, descobri o Fábulas...

O Fábulas é um sítio encantado que se assemelha a um antiquário. Cheio de rádios antigos, máquinas de costura que são mesas, sofás que lembram a casa dos avós, paredes de pedra, cadeiras de todas as qualidades, mesas grandes e pequenas, ovais, quadradas, rectangulares e redondas... um ambiente extremamente acolhedor, onde tudo acontece. Este cantinho enfiado no canto de um pátio, entre a pizzaria Mezzogiorno e a loja de design Omlet, estava inicialmente destinado a ser um cyber-café que, no entanto, acabou por ganhar vida própria e se alargou a um wine bar e galeria de arte.

As suas salas são de facto dignas do nome e encantam qualquer um que se aventure a visitá-las, fazendo com que a expressão «dois dedos de conversa» caia por terra, visto que aqui perdemos a noção do tempo e o ambiente em que mergulhamos nos convida a ficar horas à conversa, a saborear uma bela fatia de bolo de chocolate, um chá do deserto, crepes, uma tosta dupla ou um bom vinho.

Os clientes são também merecedores de referência. Ali encontramos pessoas civilizadas, capazes de manter o estilo mágico do Fábulas, sem transformá-lo numa cantina ou tasca... Apesar do ambiente jovem que ali se vive, o espírito calmo e o ambiente de relaxamento mantém-se, além de que a amplitude das salas é tal que podemos estar confortavelmente sentados nos sofás sem escutar a conversa dos vizinhos do lado.

É por tudo isto que volto a dizer que Lisboa é a única capaz de me fazer sentir em casa. E como gosto de a descobrir todos os dias assim... devagarinho e sem pressa. =)

Se eu podia viver sem a minha Lisboa... podia, mas não era a mesma coisa. =)

domingo, 18 de outubro de 2009

Liberdade de expressão... ou então não

Às vezes dou comigo a pensar em como seria o mundo se todos dissessem o que pensam a toda a gente, se todos deixassem de ter medo de dizer as coisas para não magoar A ou B, para não ferir susceptibilidades de C ou D, se todos falassem abertamente com quem quer que fosse.

Passamos a vida a medir as palavras, a calar pensamentos, a pesar tudo o que dizemos... podemos falar assim com fulano, mas não podemos com beltrano que não ia entender ou levar a bem. Não posso falar assim com o chefe que corro o risco de perder o emprego, não posso dizer isto ou aquilo à namorada que ela vai ficar segura ou insegura demais, não posso dizer isto ao amigo, porque está deprimidíssimo e ainda se atira do último andar, não posso dizer tal ao outro que se torna convencido, convém não dizer isto àquela senão baixo-lhe a auto-estima... Mesmo quando se trata de elogiar, mimar ou dizer bem, temos que medir o que dizemos, porque corremos o risco de estar a dar graxa a Y, apaixonados por X, ou a ser lamechas e «assim muito coisinho».

Eu cá tenho alguma dificuldade em dosear as minhas palavras. A maior parte das vezes dou comigo a dizer mesmo tudo o que me passa pela cabeça. Muitas vezes farto-me de ter que ponderar tudooooo ao mais pequeno pormenor, a verdade é que acabo algumas vezes por pensar que não devia ter dito isto ou aquilo e a reflectir sobre as minhas atitudes... =/

Como seria o mundo se desde pequenitos tivessemos sido habituados a dizer tudo o que pensamos sem restrições?...

Se calhar estaríamos tão habituados a ouvir certas coisas que não haveria tanta gente deprimida mundo fora, não haveria tanta gente com problemas a elogiar o próximo ou a manifestar amor na frente de terceiros, não haveria ninguém a sentir-se magoado porque descobriu que este ou aquele falou mal de si, basicamente talvez não se criassem tantas ilusões, therefore muito menos desilusões, muito menos depressões, mais honestidade entre as pessoas... talvez o mundo em que vivemos fosse bem mais verdadeiro. Saberíamos sempre com o que poderíamos contar, não nos enganaríamos tantas vezes e arrisco mesmo dizer que talvez aprendessemos muito mais, pois teríamos muito mais consciência do nosso próprio eu e de tudo o que o rodeia.

Bah!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Fame, I'm gonna make it to heaven... =)

You've got big dreams? You want fame? Well fame costs. And right here is where you start paying in sweat.

Fame! Quem não se lembra desta série que inspirava fosse quem fosse a seguir os seus sonhos e a ir atrás daquilo que o fazia sentir vivo? Eu lembro-me perfeitamente e confesso que até tenho medo de ir ver a versão séc. XXI que acabou de estrear. Não quero ter outra imagem na cabeça que não a cara do fantástico Leroy Johnson e daqueles movimentos cheios de garra e paixão, da exigente professora Lydia Grant que me fazia querer vestir o maiôt, calçar as perneiras e dançar, dançar, dançar, até ser a melhor bailarina de sempre, da maravilhosa cantora Erica Gimpel, que cada vez que cantava me fazia ficar com pele de galinha... imagens que me transportam para um tempo em que eu ainda podia ser tudo o que quisesse... para aquela altura em que os sonhos estão todos connosco e tudo é ainda possível.

Ainda hoje, quando vou correr, as músicas das séries e filmes de dança desta altura tocam no meu Ipod e fazem parte da lista das minhas power songs, aquelas que me fazem correr o tal nível acima. Fame ou What a Feeling são dois bons exemplos disso. Ainda não vi o filme, mas penso que tudo tem o seu tempo e cada época deve ter a sua originalidade, o seu Q de especial... há coisas em que não faz sentido mexer... acabamos por estragá-las e retirar-lhes o brilho.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Hoje acordei com o Vinicius...


... A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida...


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Viagem Interminável

Este blog anda a ficar com publicações de periodicidade duvidosa... não é diário, não é semanal, não é quinzenal, não é mensal... é quando há tempo, inspiração (ou então não) e oportunidade. Desculpem-me os mui nobres seguidores do meu cantinho.

Neste momento estou numa espécie de viagem interminável, a caminho de Lisboa. E como é normal nestas viagens, acabamos por ter sempre algo para relatar. Ora bem, hoje não temos D. Juan no ménu, mas acreditem, antes tivessemos (nunca se está satisfeito). Ao meu lado vai um barrigudo que começou a viagem por pedir uns auscultadores que mais pareciam altifalantes, tal era o volume a que a criaturinha ouvia os tais canais fantásticos que existem no combóio. Depois deu-lhe o sono (felizmente) e resolveu desligar a coisa. Recostou-se, pôs-se a jeito e zás... começo a sentir um cheiro nauseabundo. Sua excelência resolveu dar notícias do seu interior a toda a carruagem. Eis que toca o seu maravilhoso telemóvel, com uma musiquinha de arrepiar cabelos (igualmente em alto som) e a personagem começa a falar aos berros. Analisando bem a coisa, às tantas a pobre criatura é surda ou ouve bastante mal, daí o volume que usa em tudo e o tom de voz que utiliza.

Ao lado da rústica criatura, vai uma da mesma espécie. Deve estar tão habituado a estas coisas que, assim que o barrigudo baixou o som dos auscultadores, o avisou, prontamente, que tinha ali os dele, para o caso dos do companheirão estarem avariados.

Viajar de combóio é sempre uma aventura. Só mesmo nos filmes é que encontramos um Ethan Hawke, que se senta à nossa frente e faz logo amizade connosco... aquele charmosão que não pára de dizer coisas interessantes e que nem nos deixa sentir o tempo passar...

Enquanto estava a sonhar com o Ethan, a rústica criatura regressou ao seu lugar e desatou a tirar comida de uma mala. Pânico! Aí vem a bela da sandeee de courato enrolada na pratinha. Tudo como manda o figurino. Acho mesmo que me anda a escapar algo. Na net não devem vender o manual do viajante da CP, juntamente com o bilhete. Deve ser isso que me anda a faltar. Tenho que me inteirar. Acho que ando out. Para a próxima peço ao meu Jorge Coke que me faça a bela da sande e me compre umas latinhas de um gaseificado qualquer (o que interessa é que tenha gás para poder arrotar e bolsar no final, senão não serve, é como usar havaianas com traje académico).

Bem minha gente, vou ali ao bar comer qualquer coisita que a sande de courato abriu-me o apetite. =)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Sleepless in Lisbon =)

Sim, eu sei, este blog tem andado meio adormecido, ao contrário de quem, de quando em vez, lhe acrescenta umas linhas. Têm sido imensas as coisas para fazer e acabamos por nos perder no tempo e nas circunstâncias.

Sentia há muito a necessidade de virar a minha vida de patas para o ar e forçá-la a uma pirueta digna de artista de circo… viesse o que viesse, cá estaria eu para ver e, sobretudo, VIVER. Tenho conhecido muita gente nova e convivido com velhos amigos, com quem há muito não me cruzava ou trocava dois dedos de conversa.

Fazendo uma actualização rápida dos últimos acontecimentos, vivo em Benfica, perto do estádio inimigo, já jantei em Alfama numa deliciosa casa de fados e conheci os fadistas que, depois de muita cantoria, petiscadas e um bom vinho, me autografaram cds e prometeram mudar-me a vida, já jantei no Chapitô e deliciei-me com umas margueritas e a vista deslumbrante sobre Lisboa e sobre o Tejo, perdi-me no bairro alto, na bica, no Lux… regressei à escola e conheci novos colegas com quem almocei, passeei, lanchei, jantei e fiz maratonas de shopping, até os pés entrarem em coma, perdi-me em passeios pelos bairros típicos e num mercado maravilhoso no Príncipe Real, vagueei por Belém e cometi o melhor pecado de todos, o da gula…

Em suma, sigo na fabulosa odisseia que é conhecer e reconhecer a minha cidade do coração, aquela a quem sempre pertenci e que me enche as medidas, a que sempre tocou a minha vida com a sua atmosfera mágica, capaz de concretizar os meus melhores sonhos e arrancar-me os maiores sorrisos e as maiores gargalhadas.

Hoje temos dia livre no cardápio, passeio e cineminha com os amigos ao cair da noite.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um pedaço de céu

Um refúgio junto ao mar, uma janela para a piscina, um jantar ao ar livre, um miradouro com direito a luar reflectido na ria, dois braços fortes à minha volta, um bom dia dado sem palavras e um pequeno almoço a dois, tomado quase fora de horas...

Nos intervalos disto e daquilo, que nos vai atropelando dia a dia, surge assim um oásis inesperado, que nos dá força e impulsiona. É então que percebemos que vida é mesmo isto, não são só frases feitas, é mesmo verdade, tudo se resume a momentos raros e inesquecíveis, que vamos coleccionando aqui e além e que acabamos por guardar para sempre connosco, no matter what.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Férias??!! ...

Férias... por enquanto não passam de uma miragem, ando a vê-las ao looonge e, quando chego perto, transformam-se sempre em mais um caixote para carregar.

Sonhos transformados em realidade ou em pesadelo?... É o que ainda estou para descobrir.

Até agora só conheci a parte pesadelo...

Desde Julho que ando mergulhada nesta aventura da mudança radical, da viragem de uma vida de patas para o ar, e um enorme mar de dúvidas constantemente me assola. Começamos a perceber que talvez tenhamos feito merda quando conseguimos alguém para ficar com a nossa casa e choramos angustiados, quando procuramos casas para viver, semelhantes à que deixámos para trás, e só encontramos pardieiros arrendados como se palácios fossem... Não, não estou a exagerar, estes alfacinhas por vezes sofrem de debilidade mental aguda, bestialmente severa. Já me quiseram arrendar imóveis (como eles gostam de lhes chamar... para mim barraca seria já demasiado) tipo caves (sem janelas, mas com ar condicionado, dizem as alminhas) ou T2 em que as divisões rondam os 8/9 m2, e sem roupeiros, por algo como 550 euros/mês. É de loucos mesmo. Não têm qualquer noção do ridículo. A vontade que nos dá é começar a dar uma de olhanenses e a partir-lhes o focinho. O pior é que a loucura é generalizada, não se cinge apenas a determinada área, para eles todas as zonas são o máximo, se não são Lisboa, são perto de Lisboa, portanto valem o mesmo... «-Há aqui muitos transportes!», dizem orgulhosos...

Já tive que tentar arranjar um novo dono para o meu Bolshoi, por não conseguir arrendar sozinha uma casa com espaço para ele, tal é o absurdo de preços que nos são apresentados. Cedo percebi que essa seria, de todas, a maior loucura que iria cometer. O Bolshoi é que não! Esse seria um preço demasiado alto já... ele tem uma dona, EU, não precisa de mais dono nenhum.

Neste momento acabei as mudanças da primeira fase e coloquei tudo no armazém da tia. Agora falta o principal, arranjar algo a que consiga chamar casa, que tenha aspecto de casa normal e com um terraço ou quintal para o meu loiro (a chamada mission impossible).

Ponto da situação:
Casa no Algarve: Zero
Casa em Lisboa: Zero
Residência actual: Casa dos progenitores
Residência actual do Bolshoi: Casa dos tios
Residência dos dois a partir de 1 de Setembro: Inexistente
Pardieiros a visitar: 2
Dias de praia: 3 (em Junho =S)... ah e um anteontem... meio vá... na praia do Amado =)
Dias de férias: Zero

Já experimentei dividir casa, já encontrei casas fantásticas e estive a um bocadinho assim de viver nelas, mas não resultou e daqui para a frente contarei comigo e apenas comigo... pardieiros ou não, serão meus e do loirinho apenas... na pior das hipóteses estarei de regresso a terras algarvias daqui a quatro anos ;) ou não =) E não venham com o «Eu aviseiii», porque também sei que mudanças nunca são fáceis e que o tempo natural de adaptação é complicadito. Ainda tenho esperança de ver surgir melhores dias no horizonte e de conseguir curtir a minha Lisboa como sempre a imaginei.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

D. Juan do séc. XXI

Esta 4ª feira pus-me a caminho de Lisboa no alfa-pendular das seis e tal da manhã. Ia cheia de sono e disposta a dormir qualquer coisita durante a viagem, mas não, não consegui. O comboio levava a bordo e, na minha carruagem (que sorte), o D. Juan dos tempos modernos.

Pois é meus senhores e minhas senhoras, ele existe mesmo, e anda aí, numa carruagem perto de si.

Enquanto lia uma dessas revistinhas feitas mesmo para estas ocasiões, óptima para embalar no sono qualquer um que as leia, fui interrompida por uma voz grave atrás de mim que, depois de ter carregado no botãozito para fechar a persiana (que apanhava também a minha janela), perguntou: - Por favor? Incomodo? Posso fechar um bocado? - embora a persiana já estivesse para baixo, respondi que não e continuei a leitura.

Passado uns dez minutos, um casal, que ia em bancos separados, pediu ao portador da voz grave que trocasse de lugar com um deles, para que pudessem seguir viagem ao lado um do outro. O persiana man não se importou e trocou. Desta vez sentou-se na coxia, na mesma linha em que eu estava. Havia apenas uma miúda sentada ao meu lado e o corredor a separar-nos (que emoção). O dito não parava de olhar para o lado. A miúda dormia, quase em cima de mim, e deixava o campo de visão livre para o D. Juan. Tentei continuar focada na leitura, apesar de me sentir extremamente observada.

Mais dez minutos volvidos, o D. Juan desaparece e eu quase consigo adormecer. Mas ainda não foi dessa... fui inesperadamente interrompida pelo macho alfa, que regressara com uns auscultadores da CP na mão e se dirigiu a mim dizendo: - Tome, são para si! - e esboçou um enorme sorriso, que lhe rasgava a cara de um lado ao outro, tocando as orelhas.
- Para mim?!!... Obrigada! - e fiquei feita ursa com aquilo na mão e mil e um pensamentos a passarem pela minha cabeça.

Ainda de sorriso na cara, o D. Juan não parava de me observar, na expectativa de alguma conversa... ficava mal continuar a ler a revista, mas também não queria conversar com a personagem. Resolvi então desempacotar os ditos auscultadores e começar a ouvir rádio... assim não teríamos de conversar. Fiz um sorriso amarelo e acenei com a cabeça como que a dizer: - Muito bom!- É então que o D. Juan saca de outros auscultadores e se põe a ouvir em simultâneo comigo (que romântico). Se acham que ficou por aqui, enganam-se. Começou depois a conversar comigo em voz alta, para que eu o pudesse ouvir, apesar de ter os auscultadores nos ouvidos: - Só temos quatro canais! O um, o dois, o três e o quatro, que é a TV... - eu apenas esbocei o sorriso amarelo e acenei com a cabeça. Já farta do que ouvia nas quatro opções fantásticas, e achando que já tinha cumprido a minha missão, retirei os auscultadores dos ouvidos e agarrei novamente na minha revista.

Tinha fome, mas não queria de modo nenhum ser perseguida até ao bar, ou dar sinais falsos ao macho alfa, que iria entender a minha retirada como um: «- Segue-me garanhão... Graaauuuu...»- deixei-me, por isso, ficar esfomeada e sentadinha no lugar, à espera que passasse o barman do comboio com o carrinho da comida. De facto passou, mas quando chegou a mim já não trazia quase nada... e eu queria tanto um leite com chocolate e uma sandes, algo que lembrasse um pequeno almoço. Esperei mais dez minutos e saí de mansinho.

Cheguei à carruagem bar e ali fiquei ao balcão, sem olhar para mais lado nenhum. Pedi o meu Ucal e a minha sandocha de queijo, paguei e quando me virei para regressar ao lugar... tchanaaam... lá estava ele, el matador, com o seu olhar de : - Olá garina! (de sobrancelha a subir e a descer e sorriso meio de lado)- e pressiona o botãozito que abre a porta, ronronando um «se faz favor...» e cedendo-me a passagem. Voltei a ter que dizer obrigado e retirei-me com o sorriso amarelo para o meu lugar, enquanto pensava: «- Isto não me está a acontecer, devo estar a ter delírios de sono.»...

Uns dois ou três minutos depois, o D. Juan também já estava sentado ao meu lado, do outro lado da coxia, completamente voltado para mim, à espera de uma conversa que não chegou. Já não sabendo como reagir, voltei-me para a janela e assim fiquei todo o percurso. Ia já cheia de dores no pescoço, com um género de torcicolo, sem posição, a tentar que o macho alfa percebesse que eu não estava a corresponder às suas investidas descaradas.

- Desculpe, vai a Lisboa em passeio? Desculpe a coscuvelhice!
- Não, não vou. - e já nem o sorriso consegui esboçar, estava já demasiado incomodada e irritada com a situação. Comecei então a tirar o preço da revista com a unha...
- Não faça isso, olhe que estraga as unhas!

Já nem respondi, voltei-me apenas para o lado e tentei dormir. Acabei mesmo por adormecer e acordei em sobressalto, ainda com o olhar do macho alfa em cima de mim. Perguntei à rapariga ao meu lado, que já ia acordada: - Desculpa, já passámos Entrecampos? - e antes que a miúda conseguisse responder, o D. Juan apressou-se a dizer:
- Não. ainda nem passámos a ponte.
- Obrigado! - respondi.
- Já me está a dizer muitas vezes obrigado hoje! - responde o macho alfa com o seu grande sorriso cintilante.

Esbocei novamente o sorriso amarelo e voltei-me para a janela, posição em que me mantive até final da viagem.

Quando finalmente o comboio chegou a Entrecampos, saí radiante do meu lugar e feliz, porque o macho alfa não se encontrava sentado no lugar dele. Pensei sorridente que deveria ter ido à casa de banho ou já devia ter saído noutra paragem. Enganei-me!! Estava encostado à saída da carruagem, estrategicamente bem posicionado, com pose de Tarzan, à espera que eu descesse: - Então adeus!- regurgitou.

Saí quase a correr, sem sequer olhar para trás, não fosse o macho alfa sair atrás de mim, qual filme de terror.

domingo, 28 de junho de 2009

Sons de Cuba em Loulé

O Festival Med tem vindo a marcar cada vez mais pontos desde a sua primeira edição em 2004. É hoje um dos mais conceituados festivais de World Music e conta com um respeitável e sempre crescente número de visitantes. Já não consigo não marcar presença. Estou completamente viciada no ambiente fantástico que por lá se vive e nas sonoridades cada vez melhores que por lá se apresentam.

Sexta feira passada foi a loucura com os fabulosos Buena Vista Social Club. As entradas chegaram mesmo a esgotar para os mais atrasados. Às sete e meia da tarde já as filas se acumulavam nas bilheteiras.

Decidimos jantar por lá e foi o melhor que fizemos. Não só pelos deliciosos sabores do mediterrâneo que ali se podem experimentar, mas também porque não perdemos pitada dessa noite mágica.

A seguir ao saboroso petisco, dirigimo-nos para o palco da matriz, bastante movimentado por essa altura, onde já se conseguiam escutar os primeiros acordes quentes de Cuba.

Debaixo de uma lua linda, os conterrâneos de Fidel fizeram dançar as mais de cinco mil pessoas presentes, com sons que nos transportaram para os clubes de dança cubanos, onde a salsa é rainha e se entornam mojitos, entre uma dança e outra, para refrescar a garganta.

Há uns anos atrás a minha mãe esteve em Havana, em serviço, e trouxe de lá um CD com Buena Vista. La Vida Es Un Carnaval foi o primeiro som que ouvi destes senhores e já na altura não consegui deixar os pés quietitos no chão. Neste concerto o sentimento manteve-se ao som de Candela ou Chan Chan, entre muitos outros.

Aqui vos deixo uma pitadinha do que foi ouvir estes cubanos cheios de salero, debaixo do verão algarvio e com o estômago forradinho de sabores do mediterrêneo. =)

Arrikikiiii que me vuelvo locaaaa...lol ;)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Thriller Night...

Jantarada do meu aniversário... brindes... risadas... alegria.... e, de repente,... «Anaaa, acabei de receber uma mensagem, o Michael Jackson morreu!»... todos de copo na mão e boca aberta... «Estás a gozar! Não pode ser verdade!»

Pedimos rapidamente que ligassem a TV. Era mesmo verdade... todo o restaurante assistia à notícia inacreditável pela CNN, BBC, Sic Notícias, Sky News... não se falava noutra coisa, MJ tinha mesmo falecido, vítima de paragem cardíaca. O dia que assinala o meu nascimento, passou a ser o dia em que se assinala também a morte do criador do moon walk.

Obviamente que ele gerou imensa polémica e motivou muita desilusão, mas neste momento prefiro lembrar-me dele como aquele que me fez treinar vezes sem conta os seus passos de dança maravilhosos, aquele que foi a banda sonora de tantos momentos felizes da minha vida, aquele que gerava discussões entre mim e os meus amigos para decidirmos quem era o melhor, Michael ou Prince... por tudo isto e porque reconheço o seu imenso talento, vou recordá-lo algures entre o Thriller e o Bad, entre o Billie Jean e o Beat It, entre o Smooth Criminal e o Dirty Diana, entre o I Just Can't Stop Loving You (era eu tão tiniuini =]) e o Heal the World ou ainda antes, muito antes, com o Don't Stop Till You Get Enough ou o grande Can you feel it, a minha favorita dos Jackson 5...

Porque o seu legado não tem tamanho e a sua marca na história da música é indiscutível, aqui fica a minha homenagem ao verdadeiro rei da música pop.

Cheers Mr Jackson, I guess this is it... we will meet again soon... after all, we are just dust in the wind. ;)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Cachorro retrete abaixo

São cenas como esta que me deixam revoltada e capaz de sei lá o quê. Como professora e educadora há mais de 11 anos, não consigo tolerar episódios desta natureza. É disto e de muito mais que falo e reclamo há séculos.

A maior parte dos pais, hoje em dia, acham que educar é isto. Não educam pura e simplesmente! Esse é um papel atirado para as escolas. Demitem-se do papel de educadores e ainda estragam o trabalho feito pelos professores que, a muito custo, tentam incutir alguns valores em crianças deste género.

Felizmente vou conhecendo excepções, pais que sabem ser pais, pais que realmente educam e fazem crescer seres humanos decentes, crianças com quem tenho o prazer de trabalhar, pessoas que ainda me fazem acreditar. No entanto, são excepções. A maior parte considera que educar como deve ser não inclui uma boa palmada na hora certa, um castigo no momento exacto, uma conversa na altura adequada... a maior parte vive «cansada», «trabalha muito», «não tem tempo», resumidamente e em bom português, não está para se chatear ou culpabiliza-se pela falta de tempo e atenção dada à criancinha e pensa que não castigar é o mais justo.

Ser pai como deve ser não é tarefa para qualquer um. Exige demasiado, estafa, esgota, e não espera que estejamos com tempo ou descansados para acontecer. É um trabalho demasiado árduo, exigente e constante.

Hoje existem os computadores, as playstations, os dvds e as televisões a educar pelos pais... dá tanto jeito ter o menino entretido com estas coisas e ter um minuto de paz e sossego. Cheguei ao ponto de ter que ouvir que o melhor era não mandar trabalhos de casa, porque isso exige que um pai controle e vigie o que está a ser feito... e não há tempo.

Por favor, quando é que esta gente vai acordar?

Depois acontecem cenas como as que presenciei há umas semanas atrás no centro de saúde. Tinha lá ido com um aluno, depois deste se ter aleijado num pulso a jogar futebol. Estava na sala de espera a conversar com o miúdo quando entra uma mulher queixosa, agarrada a um braço, cheia de dores e a choramingar, acompanhada por um agente da GNR. Tinha levado uma tareia do filho de 20 anos e dizia ela que aquela era já a nona vez que tal acontecia. Fiquei com um certo nojo da mulher. E não, o filho não era toxicodependente, era «apenas bruto» dizia a dita senhora. E orgulhava-se quando me dizia que nem ela nem o pai do anormal alguma vez lhe tinham batido... «-Nem uma chapada levou.»...

É para isto que caminhamos a largos passos. Primeiro bate na mãe, depois no professor e mais tarde na mulher.

Assistam a este vídeo, para perceberem o que me revolta na educação de hoje em dia.

Algumas perguntas:

1- Como é que um cachorro de 1 semana serve para brincar em vez de estar perto da mãe? Para a criança não há diferença entre animal e brinquedo?

2- Como é que se chega aos 4 anos de idade sem entender que banho se toma numa banheira e não numa retrete?

3- Como é que se mima uma criança que tem uma atitude destas e se ajuda a criança a encontrar desculpa para a sua atitude? (Esperemos que proximamente a criatura abominável atire com as jóias da «mamã» e com o telemóvel pia abaixo... obviamente para esta senhora estes terão mais valor que a vida de um animal. Talvez as palmadas surjam nessa altura.)

4- Como é que se volta a colocar o pobre cachorro nas mãos da criança depois de tudo o que aconteceu?

5- Como é que ainda se transforma, orgulhosamente, este infeliz episódio numa novela internacional?

Concluindo, esta senhora é um exemplo claro do que é educar para a maior parte dos pais de hoje em dia. Um permissivismo e um absentismo gravíssimo e de consequências lamentáveis para a criança e para quem com ela lidará mais tarde.

Repreender, castigar, punir, discutir, tudo isto cansa e dá trabalho... é muito mais simples relevar, não ligar, passar ao lado. Só que a educação não tolera falta de coerência. Hoje estou menos cansado e castigo-te, educo-te, amanhã estou mais cansado e é o que sa foda style, faz lá o que quiseres desde que não me chateies.



sexta-feira, 12 de junho de 2009

The eye... it cannot choose but see

Estava a ver algumas fotos vencedoras do prémio Pulitzer 2009, quando me deparei com uma das fotos mais polémicas da história deste prémio. A foto da menina sudanesa faminta, tirada por Kevin Carter, em Março de 1993 e que chocou o mundo.

Para tirar esta fotografia Kevin Carter esperou cerca de 20 minutos que um abutre, atrás da menina, abrisse as asas. Tinha o enquadramento perfeito. Uma criança faminta que rastejava num campo de refugiados, em busca de uma refeição, e um abutre que pousado esperava a sua morte, para também ele ter o seu banquete. Uma vez que o abutre não colaborou e permaneceu de asas fechadas, o fotojornalista sul-africano desistiu de esperar e tirou várias fotos da criança com o predador tal como estavam. Mais tarde uma delas ficou imortalizada na capa do New York Times, como símbolo da fome e do horror em África.

A foto veio a ganhar o prémio Pulitzer catorze meses depois, em Maio de 1994, altura em que se gera a polémica e o fotógrafo começa a ser bombardeado por críticas lancinantes, que colocam em causa a sua ética: «Um homem ajustando as lentes até conseguir o quadro perfeito do sofrimento da menina bem pode ser visto como um predador, outro abutre em cena» ou que sugerem que a foto teria sido «encenada», questionando a sua autenticidade.

A 27 de Julho desse mesmo ano, dois meses depois de ganhar o tão conceituado prémio e de se ter tornado na sensação do momento em Nova Iorque, Kevin Carter suicida-se, com apenas 33 anos.

Mais tarde os Manic Street Preachers, no seu álbum Everything Must Go, dedicam uma música a este fotojornalista.

Apesar de já terem passado 16 anos desde que a foto foi tirada, continua a conseguir impressionar quem vê. Choca-me pensar que cenas destas continuam a repetir-se mundo fora. Não houve evolução em quase duas décadas. Continuam a ser gastos milhões em armamento e guerras de poder absolutamente desnecessárias, em detrimento do que de facto é importante.

«War doesn't determine who is right, war determines who is left.».
Bertrand Russel

sexta-feira, 5 de junho de 2009

SOS Animais de Estimação

Anteontem voltei ao canil como vos tinha dito no último post. Fui buscar o cãozito que encontraram na estrada, prestes a ser atropelado, e que lá deixaram a semana passada.

Desta vez fui muito bem recebida e o encarregado de serviço quis mostrar-me o que estavam a fazer. Levou-me para uma sala onde se encontrava um homem a mexer uma panela gigante, para a qual estavam a ser atirados nacos de carne, fora de prazo, chegados dos hipermercados das redondezas. Penso eu que ainda em condições, apesar de ultrapassada a data de validade registada nas embalagens (quero acreditar que sim).

- Eles comem o mesmo que nós, está a ver? Veja bem. Andam para aí a dizer que matamos os cães. Veja bem isto... (e mostrava-me embalagens de frango e de legumes que descarregava do carro e entregava na sala da panela gigante).

Sei que não é de todo a melhor alimentação, especialmente para cães bebés (todos os que aqui me chegaram vinham com diarreia), mas dada a falta de verba para estas coisas, é bem melhor que nada... assim a comida esteja ainda em condições.

Quis ver os quatro cãezitos que ainda mamam e para quem já arranjei também dono, aqueles que estavam na tampa da caixa há duas semanas. Levaram-me para os fundos do canil, para uma zona onde se encontram cães mais pequenitos e frágeis ou demasiado doces para se misturarem com os grandes das boxes. Fiquei besuntada de mijo e trampa num ápice, mas era impossível fazer aquele percurso e sair intacta. Todos me saltavam às pernas como que a dizer: - A mim, a mim, escolhe-me a mim... - não é fácil sair de lá com um cão só, a vontade que temos é resgatar todos. No meio de todos aqueles estava uma franjolas preta e branca com uns 3 meses, que se sentou e inclinou a cabeça deixando aparecer um olhito apenas e que me fez esquecer que ali tinha entrado para ir ver os quatro bebés. Num impulso disse à senhora que ali estava comigo: - Esta... quero levar esta também.- a senhora sorriu e apenas disse: - Vais sair daqui também maluca?...

Os quatro cãezitos ainda não estavam prontos a sair, portanto vim embora com o lobito e a «maluca»... que, por sinal, não tinha ainda dono, mas que eu tinha esperança de arranjar... havia um aluno interessado num cão... se esse não quisesse, havia de existir, na escola, quem não resistisse aos encantos da franjolas. Fui pô-los em casa com água e comida, tomei um duche, mudei a roupa, que tresandava a trampa, e zarpei para uma formação que estava a ter e para a qual já ia muito fora de horas.

Quando cheguei a casa... não, não imaginam... o chão da minha varanda da cozinha era um paraíso para as moscas, parecia o canil. E os dois resgatados? Patinavam entretidos em cima das suas bostas. Pareciam bem dispostos... já eu... =/

Vá Ana! Veste a farda da lixívia, agarra na bela da esfregona (ai como adoro um bom balde e uma boa esfregona) e esfrega... Os 40 minutos que se seguiram foram de um prazer intenso, a apanhar tudo aquilo e a lavar a varanda de ponta a ponta, até não restar um vestígio da nova e indesejada decoração.

A seguir? Não, não houve descanso... a seguir tinha duas pestes a olhar para mim e a precisar de um banho de duas horas cada. Banheira com os dois! Toca a tomar o primeiro banho e a dizer adeus ao cheiro nauseabundo e à vida de canil, que com ele descia ralo abaixo.

Depois? Depois havia uma casa de banho a precisar de regressar ao seu estado original... toca a limpar a casa de banho.

Finalmente a minha vez de relaxar num banho de horas. O dia terminou com uma bela refeição para todos, umas brincadeiras na relva do jardim da urbanização e um passeio pelas redondezas.

Chegados a casa, caímos para o lado e só abrimos o olho debaixo do sol do dia seguinte.

Altura de dizer adeus. Levei os dois para a escola. À entrada estava uma das gémeas que ficou com o lobito e a meio da manhã, uma professora maravilhosa, apaixonou-se pela franjolas e levou-a para casa com ela.

Final feliz para os resgatados desta semana.

Tigradita - Hoje chama-se Pipoca e pertence ao Diogo. Já foi ao veterinário. Vive feliz.

Franjolas - Hoje chama-se Twiggy e pertence à professora Lya. Tem por companheiro de brincadeiras um labrador de 6 meses e um imenso terreno para paródias. Vive feliz.

Lobito - Hoje chama-se Óscar e pertence à Maria e à Inês, as duas gémeas que o receberam. Já foi ao veterinário. Vive feliz.

Coxinho mais lindooo - Hoje chama-se Joca e pertence à melhor avó do mundo, a minha. =) Já foi ao veterinário e é um poço de mimos. =) Vive feliz.

Para a semana saem os 4 bebés.

Assim termina a Área de Projecto do 6ºA, após um ano inteiro de trabalho, campanhas de sensibilização, angariação de bens e adopções.

Ao todo foram salvos 8 cães, mas é pouco, muito, muito pouco.

Por favor adoptem animais, visitem os canis, apadrinhem... AJUDEM!

Eu sei que não é fácil olhar para um animal fedorento e sujo, com parasitas presos ao focinho, subnutrido, ferido e imaginá-lo de banho tomado, desparasitado, de pelo bonito, sem cheirar mal, saudável e bem alimentado, mas todos eles se podem transformar em animais lindos e os mais fiéis ao dono que possam imaginar, porque mais do que qualquer outro, estes animais reconhecem o valor de um dono que os resgata de uma vida miserável e de sofrimento. Garanto-vos que a felicidade que vem de recuperar um animal destes não tem explicação possível. Tudo dá trabalho, nada aparece feito, mas a recompensa será imensa e a satisfação inenarrável.

Deixo-vos com um vídeo de alguns casos felizes, de cães em quem os novos donos acreditaram apesar de os verem em péssimas condições. Adoraram-nos de qualquer maneira e deram-lhes uma segunda oportunidade. Mudaram-lhes a vida.

Ficam também algumas fotografias de uma turma maravilhosa, com quem adorei trabalhar os últimos dois anos da minha vida e de quem me despeço este ano. Para eles um enorme obrigado.

Para terminar, deixo-vos também o link do documentário Earthlings, em português Terráqueos, vencedor de vários prémios e que traz até nós uma realidade dura e que todos temos a obrigação de tentar mudar. (Aviso que as imagens são demasiado fortes, mas por vezes é necessário olhar para elas com os olhos bem abertos, visitar uns canis e perceber que estas coisas existem... a nós cabe mudá-las. A minha turma assistiu a este documentário sem dizer uma palavra... foi assim que arrancou a nossa Área de Projecto... eles perceberam e são apenas crianças de 12 anos).




Ver o documentário Earthlings (Terráqueos)

AQUI

terça-feira, 2 de junho de 2009

Canil Municipal de Olhão

Pois é, Olhão, essa grande localidade, muito falada ultimamente pelo seu futebol, mas uma vergonha no que se refere ao tratamento dos seus animais de estimação.

A cidade dispõe de um "pseudo" canil, que não se parece com coisa nenhuma e de governantes que se preocupam apenas com o que é mediático e, consequentemente, lhes dê mais alguns votos.

O canil não dá votos, pensam eles. Enganam-se! O meu já dançou.

O motivo da minha revolta? Passo a explicar: em tempos escrevi ao Sr. Presidente da Câmara, para lhe falar de um projecto que estava a desenvolver com os meus alunos, na escola, e que se intitulava «SOS Animais de Estimação». Expliquei que gostaríamos de saber as necessidades do canil, para fazermos uma campanha de angariação de bens e que gostaríamos também de visitar as instalações, com o objectivo de fotografar os animais que ali se encontravam para adopção. Com essas fotos construiríamos, posteriormente, uma página na internet que aumentasse as possibilidades de adopção. O digníssimo nem se deu ao trabalho de responder.

Acabámos por trabalhar com outros canis, cujos responsáveis se interessaram e se prontificaram a colaborar. Tudo isto começou em Outubro.

Ainda assim fiquei com pena dos animais que se encontravam enjaulados naquele pseudo canil e fui lá em Dezembro, com a minha avó, adoptar um cão.

Dei voltas e mais voltas de carro, na zona onde me tinham dito que funcionava o canil. Nem uma placa, nem um nome na entrada que identificasse o sítio, nadaaaa... nada há na cidade que publicite a existência do local, nenhuma placa que ajude quem não conhece a chegar às instalações, nada.

Parei então num lugar onde vi entrar uns camiões de recolha de lixo, para perguntar se me sabiam dizer onde funcionava o canil municipal. Fui atendida, por um homem mal formado e sem qualquer capacidade para lidar com o público. À minha pergunta a personagem respondeu:
- O que é que quer do canil?
- Adoptar um cão!
- O canil é ali ao fundo. (E apontou para um caminho de terra batida, ladeado por contentores de lixo, armazéns e camiões de recolha de resíduos)
- Ali onde exactamente??!!
- Ali ao fundo, não está a ver??!! A seguir à palmeira, à esquerda. Está lá uma mulher, logo fala com ela.

Fui chamar a minha avó ao carro e lá nos dirigimos ao dito canil.

Chegadas ao local, nem queríamos acreditar no que os nossos olhos viam. Um corredor com boxes só do lado direito, num sítio que não via a luz do sol durante a maior parte do dia (apesar de não estar em recinto fechado). Umas 4 ou 5 jaulas com uns 3m de largura por 4 ou 5 de comprimento, completamente abarrotadas de animais, que se mordiam uns aos outros, em brigas constantes, cheios de mazelas e sujos como tudo. O cheiro era nauseabundo.

O horário das adopções e visitas é de segunda a sábado, das 11:30h às 13:30h, mas é exactamente nessa hora que é feita a lavagem das boxes, com os animais lá dentro (os infelizes não saem de lá em hipótese alguma. Fazem lá as necessidades, comem, dormem, brigam, adoecem e morrem). As pessoas que tentam visitar as instalações são quase que enxotadas do corredor das ditas, com a água imunda que lhes atiram para os pés. Se não forem muito apaixonadas por cães desistem de resgatar um animal.

A minha avó acabou por trazer um cachorro com um ano, coxo de uma pata, que se encontrava nos fundos do canil (este ninguém quer porque é coxo - dizia a mulher que nos recebeu). Hoje está lindo e chama-se Joca.

Há umas semanas voltei lá com uma amiga e colega da escola. Queríamos levar dois cães bebés para dar a duas pessoas que tinham pedido. Quando lá chegámos, vimos cães que já estavam nas jaulas em Dezembro... continuavam no mesmo sítio, nunca sairam dali em seis meses, nem para esticar as pernas.

Mostraram-nos uma cadela tigradinha ali deixada, porque os donos não eram portugueses e regressaram a um país de Leste qualquer. Enquanto nos mostravam essa delícia, reparei que atrás de nós estava a tampa de uma caixa, com quatro cães que nem os olhos ainda tinham abertos. Perguntei porque razão estavam aqueles quatro ali. Responderam-me que estavam ali para «pôr a dormir». Indignada perguntei porque carga de água matavam eles cães bebés, visto que eram os mais procurados pelas pessoas. Não me responderam. Pedi que pusessem os cães junto à mãe, que eu me comprometia a ir buscá-los três semanas depois. A custo, e depois de falarem com o encarregado, lá voltaram a pôr os cães com a mãe.

Pedi que cuidassem da tigradinha que ia arranjar dono para ela também. Encontrei um dono cinco estrelas para a cadelita. Passou o fim de semana comigo e depois de uma banhoca, foi entregue ao novo dono, que se apaixonou por ela na hora.

Quando fui buscar a tigradita, estava a dar entrada um cãozito com cerca de dois meses e meio, levado pela mão de uma mulher que dizia tê-lo encontrado na estrada, prestes a ser atropelado. Não resisti e pedi que o pusessem a salvo, que ia arranjar um dono também para ele. Pelo que sei, enfiaram-no num sítio com gatos.

Antes tinham-no atirado para dentro de uma sala que tresandava a éter. Eu própria não aguentei o cheiro e já tinha os olhos a arder. Imaginem os cães que têm um olfacto não sei quantas vezes mais apurado que o nosso. Nem quero imaginar porque é que aquela sala tinha aquele cheiro, nem o que estariam a fazer.

Já encontrei donas para o pobrezito e vou tirá-lo do inferno amanhã, mal abra o canil.

Eu sei que há canis municipais a funcionar como deve ser, com as pessoas certas a dirigi-los, pessoas com a sensibilidade adequada, mas este não é de todo o caso do canil municipal de Olhão.

Dizia Ghandi que a grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como os seus animais são tratados... sinto Portugal pequenino, pequenino... a long, long way to go still.

Para mais informações sobre o que tem vindo a acontecer neste canil. podem consultar: